segunda-feira, 29 de março de 2010

Não vão embora, os erros?

É intermitente: deleite e queda. Sempre assim.

Por que não muda, por que não cessa? A imagem se transforma, mas os erros... estão ali, escondidos no canto da sala. Esperando o momento certo pra saltar em cima da mesa de centro e dançar em vitória, quebrando os vasos de flores e fazendo murchar minhas violetas. E enquanto troçam comigo, fico ali, a contemplar o ridículo com os olhos esbugalhados, sem entender de onde os desditosos vieram dessa vez.

Nunca estiveram indispostos a vir contemplar meus infortúnios e malogros. Aparecem, como inconvenientes que são, sem serem convidados e esperando uma harmoniosa recepção.

Eles... querem ficar. Pois bem! Não mais quebrarei as regras de hospitalidade. "Que façam a festa, regozijem-se e embriaguem-se como nunca! Aproximem-se, fiquem à vontade. Vamos conversar? De onde vens? O que querem? Não se acanhem... Aceitam um café?"

Conversamos então. Eu perguntava, eu respondia. E adquirindo o maior grau de auto-conhecimento que jamais fui capaz de alcançar, moldei-me à eles, sem fuga. Criei bolhas, depois feridas, depois calos. Compreendo-os agora, pois compreendo a mim mesma.

E não mais mandarei embora aquilo que a mim pertence.

notes to remember, 1

Teus olhos, no escuro, brilham ainda mais.
Brilham em silêncio, afogados numa imensidão surrealista de novas sensações, de epifanias e de uma constante falta de conexão entre as palavras que lhe sobem à boca. Tudo é explosivo, é apaixonante, é imediato. E assim deveria ser. Por que, então, me encontro assaz perdida ao tropeçar em um sorriso seu?

Sopro aos ventos a hipótese de que talvez eu ainda não tenha me acostumado a viver em bem-aventurança...

quinta-feira, 25 de março de 2010

all about green

Verde. Uma vida volúvel, e verde.

Eis uma constante em meio à efevercência, onde a mais primordial das características se faz eterna. Muda o cenário, muda a platéia, transforma-se o protagonista.

Não há avanços, tampouco retrocessos. Muito antes da evolução, há a transfomação. Represento, assim, como num círculo qualquer, o que fui, o que sou e o que serei, dentro de um mesmo impulso frenético, exibindo tanto méritos quanto cicatrizes. E ando por aí, com toda a minha bagagem de traços esverdeados, livre e desprotegida, não como um pássaro - pois minhas asas são demasiadas frágeis -, mas como o ser errante que sou. E, aceitando essa concepção de total imperfeição, sinto-me caminhando dentro de uma vitrine, revelando vitórias ofuscadas por fracassos à todos que por mim passarem, exatamente como ao admirar a transparência das águas de um riacho recém-formado.

Eu, contudo, não me apresso. Caminho lentamente por trás da vitrine e sinto-me viva, humana. Mostro-me inteira. Talvez esteja mais individualista do que jamais fui: prendo-me às minhas condições, tangencio a essência do expressionismo contido em minha cor e sigo em frente, dando origem a um novo contorno circular. Certo dia, quando não o estiver procurando, talvez encontre meu percurso linear. E talvez a inconstância me leve a seguir seus rumos, não sei...

Mas por Deus, só não me peçam para que se apresse o sol poente. Tal loucura é incabível mesmo aos olhos dessa minha imponderabilidade diária.

sábado, 6 de março de 2010

o branco já não sustenta

Já não é uma questão de comodidade, já não se trata somente de expor sentimentos não exteriorizados anteriormente; essa vertente não é mais de angústias, de dores. Começo agora o capítulo 3, o mais importante de todos, o mais marcante, o melhor. Tamanha foi a metamorfose que meus gestos já não me justificam, minhas pernas não me obedecem, minha boca não se contém; cada ínfimo pedaço de mim em busca do desenrolar dessa nova história que se inicia, onde não são permitidos rascunhos, notas de cabeçalho ou o uso de borrachas imaginárias.

São essas as páginas em que o erro constante e insistente se reflete em passos adiante com sorrisos espontâneos e uma sensação, até então desconhecida, de que não sou mais personagem passiva da minha própria história. É a tardia percepção de que as tintas foram colocadas em minhas mãos, e que não há nada mais a fazer, a não ser gastá-la toda... Começo então pelo azul, que se mistura com traços amarelos, e muito, muito verde. E a combinação se torna esmeralda... é a tua cor, a tua cor dentro da minha vida.

Minhas páginas se encheram de cor...! Não preciso mais viver no branco... com as cores eu posso construir sorrisos. Sabe, eu sempre tive os potes de tinta na minha bagagem, eles estiveram sempre por perto. Mas você foi o único que me ensinou a destampá-los. Ah, agora eu tenho cores! Posso escrever teu nome com elas e deixar teus traços no meu caminho aonde quer que eu vá. Assim, quando eu me sentir muito pálida, vou saber exatamente onde encontrar meu toque de esmeralda mais uma vez e outra e outra e outra...


I've got to admit it's getting better, a little better all the time
I've got to admit it's getting better
It's getting better since you've been mine
Getting so much better all the time...