O que fazer quando os pensamentos não cabem na cabeça?
Minha vontade é de gritar. De exteriorizar. Assim eu conseguiria mostrar a todos que eu não sou nada daquilo que eles veem. Nada. É incrível como as pessoas criam máscaras todos os dias. Me surpreendo em reconhecer o quanto minto sobre mim mesma, sobre o que sou, só pra não me dar ao trabalho de ser questionada sobre minha ausência de padrões socialmente aceitos. Por isso finjo. E as máscaras se acumulam. A cada dia, uma diferente da anterior. Até que, sem perceber, me perdi em meio às máscaras... Não sei mais se sou de fato aquilo que está por baixo dos disfarces. Não sei, na verdade, se aquilo ainda existe em mim. Temo ter perdido essa essência em meio a tanto lixo. Antes, tão certa sobre tudo; hoje, tão incrivelmente perdida. Como? Como acabei deixando que tudo de real importância se esvaisse na podridão?
Eu não quero ser um rótulo. E isso basta para que eu não me torne um, não é?Nunca estive tão certa de algo antes e nunca me faltou tanta coragem pra fazer com que a verdade se torne explícita. Eu quero criar meu mundo, meus gostos, minhas paixões. Quero que sejam meus gostos e minhas paixões. Cansei de ser guiada por um mundo pré-existente. Não quero amar o que os outros amam, não quero gostar do que é mais aceitável. Eu quero viver, experimentar, me descobrir, me encantar, me apaixonar, me aventurar. Quero amar. Eu não cheguei até aqui pra passar os melhores anos da minha vida brincando de casinha.
E tudo isso surgiu em mim como em um colapso, como em um momento de clarividência nunca antes imaginado pelas minhas sinapses. Foi um baque. E foi lindo. A paz. A harmonia. A vontade de parar o tempo, de respirar tranquila, de relaxar os músculos tão enrigecidos por essa pressão que chega de todos os lados me ditando regras, me dizendo o que fazer e como agir. Não quero mais isso. Eu quero a minha paz. Eu quero essa intimidade comigo mesma. Quero a sinceridade que o mundo despreza.
Quero tanto...
terça-feira, 30 de novembro de 2010
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
i'm in love with my feelings
Dezenove anos e nada. Aos dez costumava pensar que quando beirasse os vinte eu já estaria completamente resolvida na vida, com objetivos bem traçados, sonhos em andamento e metas já cumpridas. Era fácil imaginar: "Por que são assim que as coisas funcionam. Agora eu brinco, amanhã eu estudo, depois de amanhã eu trabalho. Cada coisa no seu tempo. Tudo vai se ajeitar." E brincava. Brincava como se o dia seguinte fosse onírico. Nunca cheguei realmente a me preocupar com o fato de que um dia eu teria que colocar a boneca de lado. Naquela época eu vivia à maneira carpe diem sem nem mesmo saber que raios era isso.
Sempre que meus olhos pousavam sobre meu irmão mais velho estudando feito louco pra alguma prova, por exemplo, nunca me ocorreu que um dia eu estaria em seu lugar. Tudo o que eu sentia era pena por ele não poder estar brincando de bola comigo. Tempos depois, ao ver alguém sofrendo por amor, eu assimilava esse sofrimento como pura falta do que fazer. Ah, quanta estupidez! Que imensa ingenuidade a minha achar que trataria com desprezo as paixões da vida e sairia impune delas.
Bom, a questão é que eu não tenho mais dez anos e as coisas não se resolveram como o planejado. Nada se acertou. As dúvidas aumentavam a cada dia, o stress me comprimia a cada prova, os amores me destroçavam a cada beijo e o carpe diem me abandonava a cada aula. Da mesma maneira me ficou claro que os adultos não são heróis e que eu estou por conta própria. Não entrei na melhor universidade do país e nem encontrei o amor da minha vida porque esse era o meu destino, mas sim porque depois de muito apanhar, arranquei as rédeas da minha vida das mãos alheias e passei a conduzir meu próprio caminho, ainda que com sangue escorrendo por entre os dedos. Ninguém nunca me recomendou a faculdade de letras, tampouco me disseram que eu seria feliz ao lado do meu namorado. Pelo contrário. Para todos que avisei da minha escolha quanto à faculdade me disseram que eu nunca alcançaria o sucesso. E quanto ao meu namoro, ninguém levou a sério. "Daqui dua semanas, acaba", deviam pensar.
A verdade, entretanto, é que eu nunca fui tão feliz em todos esses dezenove anos. Nunca, concessões e ponderabilidades me fizeram tão bem. Ao mesmo tempo, viver por impulso e seguir o fluxo das coisas me parecia tão adequado quanto todas essas precauções. Acabei por fazer os dois. Encontrei meu ponto de equilibrio e nunca mais passei uma única noite em branco. Trouxe os sonhos de volta ao meu dia-a-dia. Hoje, sequer consigo me lembrar das minha dores de amor ou das derrotas da vida. Mas tenho minhas cicatrizes, e delas, dos meus erros, me fortaleço. E mais uma vez citando uma das pessoas mais célebres que já conheci, termino tudo o que poderia dizer: "Nossos erros são as únicas coisas verdadeiramente originais que fazemos." Então eu erro, e a partir das cicatrizes oriundas desses erros, eu me torno, a cada dia, a pessoa mais feliz que poderia ser.
Sempre que meus olhos pousavam sobre meu irmão mais velho estudando feito louco pra alguma prova, por exemplo, nunca me ocorreu que um dia eu estaria em seu lugar. Tudo o que eu sentia era pena por ele não poder estar brincando de bola comigo. Tempos depois, ao ver alguém sofrendo por amor, eu assimilava esse sofrimento como pura falta do que fazer. Ah, quanta estupidez! Que imensa ingenuidade a minha achar que trataria com desprezo as paixões da vida e sairia impune delas.
Bom, a questão é que eu não tenho mais dez anos e as coisas não se resolveram como o planejado. Nada se acertou. As dúvidas aumentavam a cada dia, o stress me comprimia a cada prova, os amores me destroçavam a cada beijo e o carpe diem me abandonava a cada aula. Da mesma maneira me ficou claro que os adultos não são heróis e que eu estou por conta própria. Não entrei na melhor universidade do país e nem encontrei o amor da minha vida porque esse era o meu destino, mas sim porque depois de muito apanhar, arranquei as rédeas da minha vida das mãos alheias e passei a conduzir meu próprio caminho, ainda que com sangue escorrendo por entre os dedos. Ninguém nunca me recomendou a faculdade de letras, tampouco me disseram que eu seria feliz ao lado do meu namorado. Pelo contrário. Para todos que avisei da minha escolha quanto à faculdade me disseram que eu nunca alcançaria o sucesso. E quanto ao meu namoro, ninguém levou a sério. "Daqui dua semanas, acaba", deviam pensar.
A verdade, entretanto, é que eu nunca fui tão feliz em todos esses dezenove anos. Nunca, concessões e ponderabilidades me fizeram tão bem. Ao mesmo tempo, viver por impulso e seguir o fluxo das coisas me parecia tão adequado quanto todas essas precauções. Acabei por fazer os dois. Encontrei meu ponto de equilibrio e nunca mais passei uma única noite em branco. Trouxe os sonhos de volta ao meu dia-a-dia. Hoje, sequer consigo me lembrar das minha dores de amor ou das derrotas da vida. Mas tenho minhas cicatrizes, e delas, dos meus erros, me fortaleço. E mais uma vez citando uma das pessoas mais célebres que já conheci, termino tudo o que poderia dizer: "Nossos erros são as únicas coisas verdadeiramente originais que fazemos." Então eu erro, e a partir das cicatrizes oriundas desses erros, eu me torno, a cada dia, a pessoa mais feliz que poderia ser.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
headaches
"Como a natureza expressa o perigo? Beleza. Na natureza, tudo o que é fatal tem cores brilhantes e lindas, desde a Coral até as plantas carnívoras e os tigres. A mensagem é: o que é belo, mata. Mas o que significa a beleza? Desejo. Chamamos belo aquilo que nos atrai. Eis o truque. Aquilo que nos atrai, atrai por proveito próprio. O que nos convida, não nos convida por suas intenções, por isso precisa de uma fachada atrativa. O que é bom, engorda. O sol que aquece, enruga... Percebe a razão? O efeito do bem é o mal. Assim como o mal pede o bem. A natureza escreve assim."
(Jean M. explicando minhas dores de cabeça. É. Pois é...)
(Jean M. explicando minhas dores de cabeça. É. Pois é...)
a poesia de quem não quer ser poeta
Pouco falo aqui sobre minha vida cotidiana. Pouco falo, aliás, sobre tudo. Me parece que depois de entrar para a faculdade de Letras a minha capacidade interpretativa aumentou exponencialmente ao mesmo tempo que o meu impulso criativo foi se escondendo por detrás do medo de nunca chegar a escrever algo realmente bom. Até que hoje, durante a aula de literatura comparada, meu professor disse algo que eu nunca havia antes escutado dentro daquela universidade: "Que tal se a gente, ao invés de só analisar, escrevessemos poesia?".
Silêncio total. Pois é, escrever poesia. Eu vejo poesia por todos os lados, todos os dias -e não me refiro aqui aos estudos do meu curso ou aos autores que leio com frequência, mas sim à poesia do dia-a-dia, pequenos traços de beleza, coisas simples... pra mim, isso é poesia - entretanto, nunca escrevi um único poema que seja. Nenhum. Sempre quando a idéia me surgia eu pensava: "Não levo jeito pra coisa, é melhor me contentar com minha vidinha prosaica..."
Hoje, mudei minha perspectiva ao olhar pra isso. Afinal, quem foi que disse o que eu não posso fazer? Nada que eu faça ou deixe de fazer tem a necessidade de se adequar ao que a sociedade chama de "bom" ou "ruim", tampouco devo eu me preocupar com isso. Tudo o que quero realizar é que deve tomar a dianteira nos meus caminhos cheios de retornos e encruzilhadas. E o que eu quero é bem simples: ter a escrita de volta como minha terapia diária. assim como foi durante muito tempo antes de eu me bloquear por fatores acadêmicos. Eu quero que seja fácil, assim como é agora. Eu quero, como disse meu professor, "soltar a mão", porque "basta que você solte sua mão para que o primeiro e mais dificil passo seja dado". Eu dei meu primeiro passo. Mais uma vez.
É tão ridiculo pensar que abri mão daquilo que mais gosto de fazer simplesmente por medo de não agradar. Por deus, não agradar a quem? Ninguém nunca lê nada do que escrevo, essa nunca foi a minha intenção. Ah, sim... Medo de não agradar a mim mesma. Me martirizo um pouco por ter demorado tanto a descobrir isso. Contudo, agora que conheço pouco mais de mim e tenho a noção de que tudo o que quero é me sentir feliz comigo mesma e realizada quanto as minhas reflexões - sem pensamentos turvos ou sonhos mal desenrolados me atormentando - eu escrevo, escrevo agora da mesma forma que sai correndo da minha aula de literatura pra poder sentar na praça do relógio e extrair minha primeira poesia numa só respiração. Sem pensar. Tão fútil, tão juvenil, tão passional. Mas minha. É só isso que me importa. E que julguem... Meu eu racional entrou de férias, e não comprou passagem de volta.
Não é outono
Mas o vento arranca com brutalidade
As folhas das árvores que secaram
E o farfalhar dessa natureza morta,
Ainda que respire,
Traz lágrimas aos olhos na menina de madeixas negras
Que oscila sob a copa de uma árvore cinza
O vento força; mas não se esforça
Pra que leve embora dos pés da menina
Seus sonhos de cor violeta
Que com tanta sutileza
Havia cuidado e guardado e regado
Na semente da árvore que chora
A cada folha que se vai.
Afinal, qual o sentido da vida sem poesia, não? Nela cabem as grandes paixões. E isso sempre me interessou muito. Hoje faço parte da primeira geração modernista. E que assim seja pelo tempo que me for necessário...
Silêncio total. Pois é, escrever poesia. Eu vejo poesia por todos os lados, todos os dias -e não me refiro aqui aos estudos do meu curso ou aos autores que leio com frequência, mas sim à poesia do dia-a-dia, pequenos traços de beleza, coisas simples... pra mim, isso é poesia - entretanto, nunca escrevi um único poema que seja. Nenhum. Sempre quando a idéia me surgia eu pensava: "Não levo jeito pra coisa, é melhor me contentar com minha vidinha prosaica..."
Hoje, mudei minha perspectiva ao olhar pra isso. Afinal, quem foi que disse o que eu não posso fazer? Nada que eu faça ou deixe de fazer tem a necessidade de se adequar ao que a sociedade chama de "bom" ou "ruim", tampouco devo eu me preocupar com isso. Tudo o que quero realizar é que deve tomar a dianteira nos meus caminhos cheios de retornos e encruzilhadas. E o que eu quero é bem simples: ter a escrita de volta como minha terapia diária. assim como foi durante muito tempo antes de eu me bloquear por fatores acadêmicos. Eu quero que seja fácil, assim como é agora. Eu quero, como disse meu professor, "soltar a mão", porque "basta que você solte sua mão para que o primeiro e mais dificil passo seja dado". Eu dei meu primeiro passo. Mais uma vez.
É tão ridiculo pensar que abri mão daquilo que mais gosto de fazer simplesmente por medo de não agradar. Por deus, não agradar a quem? Ninguém nunca lê nada do que escrevo, essa nunca foi a minha intenção. Ah, sim... Medo de não agradar a mim mesma. Me martirizo um pouco por ter demorado tanto a descobrir isso. Contudo, agora que conheço pouco mais de mim e tenho a noção de que tudo o que quero é me sentir feliz comigo mesma e realizada quanto as minhas reflexões - sem pensamentos turvos ou sonhos mal desenrolados me atormentando - eu escrevo, escrevo agora da mesma forma que sai correndo da minha aula de literatura pra poder sentar na praça do relógio e extrair minha primeira poesia numa só respiração. Sem pensar. Tão fútil, tão juvenil, tão passional. Mas minha. É só isso que me importa. E que julguem... Meu eu racional entrou de férias, e não comprou passagem de volta.
Não é outono
Mas o vento arranca com brutalidade
As folhas das árvores que secaram
E o farfalhar dessa natureza morta,
Ainda que respire,
Traz lágrimas aos olhos na menina de madeixas negras
Que oscila sob a copa de uma árvore cinza
O vento força; mas não se esforça
Pra que leve embora dos pés da menina
Seus sonhos de cor violeta
Que com tanta sutileza
Havia cuidado e guardado e regado
Na semente da árvore que chora
A cada folha que se vai.
Afinal, qual o sentido da vida sem poesia, não? Nela cabem as grandes paixões. E isso sempre me interessou muito. Hoje faço parte da primeira geração modernista. E que assim seja pelo tempo que me for necessário...
quinta-feira, 24 de junho de 2010
days go by so fast...
(Janeiro de 2010)
Escuto tua música enquanto penso em como tudo terminou de maneira tão estranha. É duro ter tempo pra reflexão. A ignorância me dói menos. Talvez tenha sido por isso que tenho me sentido um pouco desumana nos ultimos tempos, um pouco esvaziada das coisas que me importam.
Tive o melhor amigo de todos, e ao mesmo tempo não tive nada. Tive o melhor dos sonhos durante meses, e a cada manhã ele se despedaçava, me arrastando pra dentro de uma realidade que não me pertence. Encontrei o sublime, descobri o êxtase, a completude, a finalidade da vida. E admito: em momento algum deixei de reconhecer o valor dessas epifanias. Nunca deixei de me ver como a garota mais sortuda do mundo. Mas ninguém tem tanta sorte assim. E se tem, não a segura por muito tempo.
(...)
Passada a inevitável tempestade, reconheço a pequena chama de esperança que em mim foi implantada. Nós, humanos, nunca estaremos perdidos na escuridão enquanto existirem pessoas como você. Tão raros... Talvez por isso essa chama seja tão ínfima; é uma representação de sua raridade. Mas quem foi mesmo que disse: "As pequenas coisas fazem toda a diferença..."? Doesn't matter. It's completely true.
Sinto por ter precisado te levar ao fundo do poço para que você pudesse me ensinar que a fonte de bem-aventurança de um homem também sempre será a fonte de suas desventuras. Goethe não me ensinaria com tanta maestria. Werther não foi capaz.
I'm sorry. But still, i'm grateful to you like i've never been to anyone.
Thank you.
"I am a writer, writer of fictions. I am the heart that you call home. And I've written pages upon pages trying to rid you from my bones. My bones, my bones... I'm a moneylender, I have fortunes upon fortunes. Take my hand for tender. I am tortured, ever tortured...
And if you don't love me, let me go
And if you don't love me, let me go"
(Texto escrito para um amigo.
Uma pessoa muito importante na minha vida. E que me ensinou muito.)
Escuto tua música enquanto penso em como tudo terminou de maneira tão estranha. É duro ter tempo pra reflexão. A ignorância me dói menos. Talvez tenha sido por isso que tenho me sentido um pouco desumana nos ultimos tempos, um pouco esvaziada das coisas que me importam.
Tive o melhor amigo de todos, e ao mesmo tempo não tive nada. Tive o melhor dos sonhos durante meses, e a cada manhã ele se despedaçava, me arrastando pra dentro de uma realidade que não me pertence. Encontrei o sublime, descobri o êxtase, a completude, a finalidade da vida. E admito: em momento algum deixei de reconhecer o valor dessas epifanias. Nunca deixei de me ver como a garota mais sortuda do mundo. Mas ninguém tem tanta sorte assim. E se tem, não a segura por muito tempo.
(...)
Passada a inevitável tempestade, reconheço a pequena chama de esperança que em mim foi implantada. Nós, humanos, nunca estaremos perdidos na escuridão enquanto existirem pessoas como você. Tão raros... Talvez por isso essa chama seja tão ínfima; é uma representação de sua raridade. Mas quem foi mesmo que disse: "As pequenas coisas fazem toda a diferença..."? Doesn't matter. It's completely true.
Sinto por ter precisado te levar ao fundo do poço para que você pudesse me ensinar que a fonte de bem-aventurança de um homem também sempre será a fonte de suas desventuras. Goethe não me ensinaria com tanta maestria. Werther não foi capaz.
I'm sorry. But still, i'm grateful to you like i've never been to anyone.
Thank you.
"I am a writer, writer of fictions. I am the heart that you call home. And I've written pages upon pages trying to rid you from my bones. My bones, my bones... I'm a moneylender, I have fortunes upon fortunes. Take my hand for tender. I am tortured, ever tortured...
And if you don't love me, let me go
And if you don't love me, let me go"
(Texto escrito para um amigo.
Uma pessoa muito importante na minha vida. E que me ensinou muito.)
sexta-feira, 16 de abril de 2010
segunda-feira, 29 de março de 2010
Não vão embora, os erros?
É intermitente: deleite e queda. Sempre assim.
Por que não muda, por que não cessa? A imagem se transforma, mas os erros... estão ali, escondidos no canto da sala. Esperando o momento certo pra saltar em cima da mesa de centro e dançar em vitória, quebrando os vasos de flores e fazendo murchar minhas violetas. E enquanto troçam comigo, fico ali, a contemplar o ridículo com os olhos esbugalhados, sem entender de onde os desditosos vieram dessa vez.
Nunca estiveram indispostos a vir contemplar meus infortúnios e malogros. Aparecem, como inconvenientes que são, sem serem convidados e esperando uma harmoniosa recepção.
Eles... querem ficar. Pois bem! Não mais quebrarei as regras de hospitalidade. "Que façam a festa, regozijem-se e embriaguem-se como nunca! Aproximem-se, fiquem à vontade. Vamos conversar? De onde vens? O que querem? Não se acanhem... Aceitam um café?"
Conversamos então. Eu perguntava, eu respondia. E adquirindo o maior grau de auto-conhecimento que jamais fui capaz de alcançar, moldei-me à eles, sem fuga. Criei bolhas, depois feridas, depois calos. Compreendo-os agora, pois compreendo a mim mesma.
E não mais mandarei embora aquilo que a mim pertence.
Por que não muda, por que não cessa? A imagem se transforma, mas os erros... estão ali, escondidos no canto da sala. Esperando o momento certo pra saltar em cima da mesa de centro e dançar em vitória, quebrando os vasos de flores e fazendo murchar minhas violetas. E enquanto troçam comigo, fico ali, a contemplar o ridículo com os olhos esbugalhados, sem entender de onde os desditosos vieram dessa vez.
Nunca estiveram indispostos a vir contemplar meus infortúnios e malogros. Aparecem, como inconvenientes que são, sem serem convidados e esperando uma harmoniosa recepção.
Eles... querem ficar. Pois bem! Não mais quebrarei as regras de hospitalidade. "Que façam a festa, regozijem-se e embriaguem-se como nunca! Aproximem-se, fiquem à vontade. Vamos conversar? De onde vens? O que querem? Não se acanhem... Aceitam um café?"
Conversamos então. Eu perguntava, eu respondia. E adquirindo o maior grau de auto-conhecimento que jamais fui capaz de alcançar, moldei-me à eles, sem fuga. Criei bolhas, depois feridas, depois calos. Compreendo-os agora, pois compreendo a mim mesma.
E não mais mandarei embora aquilo que a mim pertence.
notes to remember, 1
Teus olhos, no escuro, brilham ainda mais.
Brilham em silêncio, afogados numa imensidão surrealista de novas sensações, de epifanias e de uma constante falta de conexão entre as palavras que lhe sobem à boca. Tudo é explosivo, é apaixonante, é imediato. E assim deveria ser. Por que, então, me encontro assaz perdida ao tropeçar em um sorriso seu?
Sopro aos ventos a hipótese de que talvez eu ainda não tenha me acostumado a viver em bem-aventurança...
Brilham em silêncio, afogados numa imensidão surrealista de novas sensações, de epifanias e de uma constante falta de conexão entre as palavras que lhe sobem à boca. Tudo é explosivo, é apaixonante, é imediato. E assim deveria ser. Por que, então, me encontro assaz perdida ao tropeçar em um sorriso seu?
Sopro aos ventos a hipótese de que talvez eu ainda não tenha me acostumado a viver em bem-aventurança...
quinta-feira, 25 de março de 2010
all about green
Verde. Uma vida volúvel, e verde.
Eis uma constante em meio à efevercência, onde a mais primordial das características se faz eterna. Muda o cenário, muda a platéia, transforma-se o protagonista.
Não há avanços, tampouco retrocessos. Muito antes da evolução, há a transfomação. Represento, assim, como num círculo qualquer, o que fui, o que sou e o que serei, dentro de um mesmo impulso frenético, exibindo tanto méritos quanto cicatrizes. E ando por aí, com toda a minha bagagem de traços esverdeados, livre e desprotegida, não como um pássaro - pois minhas asas são demasiadas frágeis -, mas como o ser errante que sou. E, aceitando essa concepção de total imperfeição, sinto-me caminhando dentro de uma vitrine, revelando vitórias ofuscadas por fracassos à todos que por mim passarem, exatamente como ao admirar a transparência das águas de um riacho recém-formado.
Eu, contudo, não me apresso. Caminho lentamente por trás da vitrine e sinto-me viva, humana. Mostro-me inteira. Talvez esteja mais individualista do que jamais fui: prendo-me às minhas condições, tangencio a essência do expressionismo contido em minha cor e sigo em frente, dando origem a um novo contorno circular. Certo dia, quando não o estiver procurando, talvez encontre meu percurso linear. E talvez a inconstância me leve a seguir seus rumos, não sei...
Mas por Deus, só não me peçam para que se apresse o sol poente. Tal loucura é incabível mesmo aos olhos dessa minha imponderabilidade diária.
Eis uma constante em meio à efevercência, onde a mais primordial das características se faz eterna. Muda o cenário, muda a platéia, transforma-se o protagonista.
Não há avanços, tampouco retrocessos. Muito antes da evolução, há a transfomação. Represento, assim, como num círculo qualquer, o que fui, o que sou e o que serei, dentro de um mesmo impulso frenético, exibindo tanto méritos quanto cicatrizes. E ando por aí, com toda a minha bagagem de traços esverdeados, livre e desprotegida, não como um pássaro - pois minhas asas são demasiadas frágeis -, mas como o ser errante que sou. E, aceitando essa concepção de total imperfeição, sinto-me caminhando dentro de uma vitrine, revelando vitórias ofuscadas por fracassos à todos que por mim passarem, exatamente como ao admirar a transparência das águas de um riacho recém-formado.
Eu, contudo, não me apresso. Caminho lentamente por trás da vitrine e sinto-me viva, humana. Mostro-me inteira. Talvez esteja mais individualista do que jamais fui: prendo-me às minhas condições, tangencio a essência do expressionismo contido em minha cor e sigo em frente, dando origem a um novo contorno circular. Certo dia, quando não o estiver procurando, talvez encontre meu percurso linear. E talvez a inconstância me leve a seguir seus rumos, não sei...
Mas por Deus, só não me peçam para que se apresse o sol poente. Tal loucura é incabível mesmo aos olhos dessa minha imponderabilidade diária.
sábado, 6 de março de 2010
o branco já não sustenta
Já não é uma questão de comodidade, já não se trata somente de expor sentimentos não exteriorizados anteriormente; essa vertente não é mais de angústias, de dores. Começo agora o capítulo 3, o mais importante de todos, o mais marcante, o melhor. Tamanha foi a metamorfose que meus gestos já não me justificam, minhas pernas não me obedecem, minha boca não se contém; cada ínfimo pedaço de mim em busca do desenrolar dessa nova história que se inicia, onde não são permitidos rascunhos, notas de cabeçalho ou o uso de borrachas imaginárias.
São essas as páginas em que o erro constante e insistente se reflete em passos adiante com sorrisos espontâneos e uma sensação, até então desconhecida, de que não sou mais personagem passiva da minha própria história. É a tardia percepção de que as tintas foram colocadas em minhas mãos, e que não há nada mais a fazer, a não ser gastá-la toda... Começo então pelo azul, que se mistura com traços amarelos, e muito, muito verde. E a combinação se torna esmeralda... é a tua cor, a tua cor dentro da minha vida.
Minhas páginas se encheram de cor...! Não preciso mais viver no branco... com as cores eu posso construir sorrisos. Sabe, eu sempre tive os potes de tinta na minha bagagem, eles estiveram sempre por perto. Mas você foi o único que me ensinou a destampá-los. Ah, agora eu tenho cores! Posso escrever teu nome com elas e deixar teus traços no meu caminho aonde quer que eu vá. Assim, quando eu me sentir muito pálida, vou saber exatamente onde encontrar meu toque de esmeralda mais uma vez e outra e outra e outra...
I've got to admit it's getting better, a little better all the time
I've got to admit it's getting better
It's getting better since you've been mine
Getting so much better all the time...
São essas as páginas em que o erro constante e insistente se reflete em passos adiante com sorrisos espontâneos e uma sensação, até então desconhecida, de que não sou mais personagem passiva da minha própria história. É a tardia percepção de que as tintas foram colocadas em minhas mãos, e que não há nada mais a fazer, a não ser gastá-la toda... Começo então pelo azul, que se mistura com traços amarelos, e muito, muito verde. E a combinação se torna esmeralda... é a tua cor, a tua cor dentro da minha vida.
Minhas páginas se encheram de cor...! Não preciso mais viver no branco... com as cores eu posso construir sorrisos. Sabe, eu sempre tive os potes de tinta na minha bagagem, eles estiveram sempre por perto. Mas você foi o único que me ensinou a destampá-los. Ah, agora eu tenho cores! Posso escrever teu nome com elas e deixar teus traços no meu caminho aonde quer que eu vá. Assim, quando eu me sentir muito pálida, vou saber exatamente onde encontrar meu toque de esmeralda mais uma vez e outra e outra e outra...
I've got to admit it's getting better, a little better all the time
I've got to admit it's getting better
It's getting better since you've been mine
Getting so much better all the time...
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